domingo, 28 de dezembro de 2008

A Lição dos Jogos

Sempre me perguntei o porquê nos é ensinado diversos tipos de jogos na escola!


Não podia ser simplesmente para promover o divertimento dos alunos (se bem que era assim que víamos a coisa). Mas enfim, lembro-me que todos os jogos tinham suas regras específicas, e algumas dessas regras, eu tive a oportunidade de comprovar que são universais. Esta experiência se deu quando tive a oportunidade de estudar no antigo IPV (Instituto de Proteção ao Vôo - hoje ICEA – Instituto de Controle do Espaço Aéreo) localizado no CTA (Centro Técnico Aeroespacial) em São José dos Campos-SP. Tirando algumas características, digamos assim ‘regionais’ ou aquelas ‘made in jeitinho brasileiro’ - que se criam pra favorecer o próprio proponente inicial do jogo, a maioria dos jogos tende a seguir regras pétreas universalmente divulgadas em todos os cantos do mundo.



E o porquê desse comentário? Bem, ocorreu-me um fato nas minhas últimas férias quando estava numa colônia de férias e fui convidado a jogar bilhar com uma amiga e seu neto. Claro, não sou nenhum ‘Rui Chapéu’, muito pelo contrário estou bem longe disto. Mas o básico do bilhar eu aprendi durante um longo ano de ‘internato’ no IPV. E como diz o comentarista Arnaldo Coelho: “a regra é clara” ou pelo menos acreditava que deveria ser. Ou seja, o jogo seria colocar todas as bolas na mesa e retirando-se a bola 8 (a preta) e uma após uma tacada inicial, se caísse uma bola de número par, esse jogador deveria “matar” todas as bolas pares, e conseqüentemente, seu oponente deveria “matar” as ímpares. Tudo estava indo bem, até o momento de se colocar as bolas na mesa. Pois ao retirar a bola 8, fui repreendido por essa amiga com a sentença de que “não era assim que se jogava”. Tentei argumentar, mas foi em vão! Tudo bem, respeitei o comentário e considerei este como sendo uma ‘característica regional’ para este tipo de jogo. Após, a primeira tacada do neto (que devia ter uns 8 ou 9 anos) ele matou uma bola par. Ele continuou com a jogada (como deveria ser), mas dessa vez ele acertou uma das minha (uma ímpar). Então, fui cobrar deles como é de praxe ‘a punição’ pela infração do ato, retirando de jogo a bola de menor valor que eu teria que “matar”. E mais uma vez fui repreendido ‘que não era assim que se jogava’ e que era apenas uma partidinha ‘sem importância’ e que esta poderia ser jogada de qualquer jeito.


Essa atitude me fez ligar o "PH(*)", e fazer meu humor (que já não estava dos melhores por inúmeros outros fatores) mudar de 0 a 100 rapidinho. Mas, a gota d’água se deu mesmo, quando fui fazer minha tacada e o garoto retirou o ‘bolão’ (a bola branca) de lugar e mexeu na posição de outras bolas da mesa. Aí não deu mais para segurar! Joguei o taco na mesa e falei a plenos pulmões “não dá mais! Sem o mínimo de regra não dá mais mesmo!” Além de umas outras palavras não muito educadas reconheço. Então, iniciei um novo jogo, numa outra mesa com outras pessoas. Mas desta vez, deixando bem claro antes como seria as regras do jogo.


Já em casa, e com a cabeça fria, pude analisar mais calmamente essa situação vivida e cheguei a algumas conclusões. A primeira delas é que tenho que me policiar mais no que se diz respeito ao meu auto-controle. A segunda - já que um dos oponentes do jogo era ainda uma criança - devia ter lançado mão daqueles conceitos (que considerava enfadonhos) que aprendi nas aulas de didática para criança (quando fiz o curso de licenciatura) e tentar mostrar para o neto da minha amiga que ele estava errado. Após refletir e aceitar essa ‘mea culpa’. Passei também analisar a postura da avó diante da situação ocorrida, e que tempo todo ficou me repreendendo e concordando com todas as atitudes de seu neto. Acredito que ela perdeu também, uma grande oportunidade de oferecer ao seu neto a chance de aprender sobre as regras do mundo.


Do mundo? Como assim, devem estar pensando? Sim, porque quando ela aceitava todas as vontades do neto, é como se ela dissesse à ele em alto e bom som – Tudo que você fizer será permitido nesse mundo meu neto. Ou ainda – O mundo sempre terá de aceitar tudo o que você fizer. E cá entre nós, sabemos que na verdade a coisa não é bem assim, não é mesmo!


Como sabemos nosso mundo e constituído de regras, normas, leis mutáveis ou não, padrões e estéticas a serem seguidos no nosso dia a dia quer gostamos delas ou não. Se você transgride alguma delas, deve-se saber que deverá estar pronto à pagar por seus atos. É o que nossos professores de Educação Física faziam conosco quando nos mandavam para o ‘banco’ quando fazíamos uma falta grave nos jogos ou não seguíamos as regras do jogo direito. Era como se eles estivessem nos dizendo: ‘– Ande na linha garotada! O mundo tem regras como esse jogo. E se quer se dar bem nele? Siga corretamente as regras!’ Não é a toa que os esportes são a principal forma de inserção de pessoas no meio social.


São comportamentos como esse onde concordamos o tempo todo com nossos filhos, de acobertar suas ações, não estipular e fazê-los cumprirem regras é que num futuro bem próximo daremos origem os ‘alunos bully’ que não respeitam os professores e os colegas de escola, aos furadores de filas de em geral. De pessoas que não respeitam os mais velhos, e que continuam a propagar o famoso “jeitinho brasileiro” de se tentar levar vantagem em tudo e em todos. E o pior, quando estes indivíduos não têm tudo o que querem, já que foram acostumados a pensar que o mundo gira em torno dos seus umbigos e que a vida é fácil, aumentam ainda mais as estatísticas das pessoas que se envolvem com o tráfico de drogas ou o mundo da prostituição, já que estes mundos oferecem uma “vida fácil”.


Finalizando este texto, reconheço que perdi a chance de exercer a paciência e aplicar meus conhecimentos na ocasião do ocorrido. Mas acredito também, que a minha amiga perdeu uma grande chance de incrementar a educação de seu neto. Quer seja, para chamar a atenção deste às regras da vida em sociedade, que um dia lhes serão útil e possibilitará ao mesmo que se torne um grande cidadão. Ou, simplesmente por fazê-lo aprender as regras básicas do jogo de bilhar que infelizmente ele deixou de aprender.





(*) PH = maneira discreta de se dizer: PHODA-SE!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

E-mails sobre as Focas do Ártico

foca Há muito venho recebendo esses e-mails sobre matança de focas ou de baleias no ártico. Até então, li-os passivamente sem expor opinião alguma. Mas depois do ducentésimo recebimento... Chega!!!

Vou ser agora o advogado do diabo e tentar por os pingos nos ís... Tudo bem, eu também admito esses animais são lindinhos, fofinhos, cuti-cutis e tudo mais...

Mas meu povo, vamos por a mão na consciência e nos colocar no lugar dessas pessoas que moram no ártico!

Já pararam pra pensar o que é viver no ártico? Não?!!

Vamos a algumas informações básicas então:

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No ártico a temperatura oscila entre 5ºC no verão a -40ºC no inverno, com uma temperatura dessas não há como ter qualquer tipo de agricultura (conhecida). Assim sendo, produção de grãos, hortaliças e qualquer outro vegetal estão impossibilitados. O transporte, destes produtos para lá, somente por meio aéreo mesmo, isso quando o tempo ajuda! Já que as variações climáticas nessa região do globo ocorrem numa escala tão espantosa, que nem Joinville nos seus dias de glória de mau tempo tem.
Esse pequeno fator faz também que esses produtos tenham preços a peso de ouro. Como é de se imaginar, isso inviabiliza sua comercialização na região.

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Há algum tempo atrás, mantive contato via net com uma pessoa que mora na Sibéria (a da Rússia), ela mora numa cidade chamada Yakutsk (a cidade dos diamantes). Lá, ela me disse que a temperatura de -50ºC são normais, e que eles acham descabida as idéia dos "lunáticos" que vivem na Europa que dizem que não é legal usar peles de animais, porque eles amam os animais. E ainda completou dizendo que eles deveriam ir para lá com suas roupas sintéticas para ver se ainda se preocupariam tanto com os animais. Resumindo, lá você veste peles e come focas ou baleias se quiser sobreviver.

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Então meu povo é muito fácil pra nós, que estamos aqui num país maravilhoso como o Brasil, com essa "lua" toda que favorece a agricultura de todos os tipos e de todas as formas, com água em abundância e muita terra (sim, porque a maior parte do ártico é gelo mesmo).

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É muito fácil pra nós falarmos pra eles (do ártico) não matarem as focas e as baleias. Mas se coloquem por um momento no lugar deles...

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Mas o que mais acho engraçado nessa estória toda, é que a maioria dessas pessoas que mandam esses e-mails todas senhoras da razão, verdadeiros "ecologistas" desde que nasceram dignos de uma estátua no quartel general do Greenpeace; e essas mesmas pessoas, não param para pensar em nenhum momento, por exemplo, nas nossas "vaquinhas", "porquinhos" e "galinhas" que têm o mesmo destino. Ou será que elas são menos importantes que as focas e as baleias? Ou ainda, acham que estas cometem suicídio antes de virarem "peças' nos nossos açougues!? As focas e as baleias são para aquele povo o que as vacas, as galinhas e os porcos são para nós.

frango carne

Antes de levantarmos "bandeiras" de coisas que não conhecemos a fundo, reflitamos sobre nossos atos e ações locais. E daí, vejamos se conseguimos viver sem aquela bolsa ou o sapato de couro, daquela picanha na brasa, do leitãozinho à pururuca, do peru de natal, do franguinho assado feito na "televisão de cachorro" que tem no mercadinho da esquina nos domingos. Pense, ainda, no número de frangos que tiveram que ser mortos pra se fazer aquele fabuloso espeto de coraçãozinho, ou em todos os outros itens obtidos de mortes de animais que conseguir lembrar. Se conseguir, mude-se para o ártico sem usar as roupas e os alimentos típicos deles e aí sim defenda a não morte desses animais. Falar mal estando num lugar quentinho, vendo TV tendo uma mega variedade de coisas para comer é fácil, é ser muito cretino e hipócrita.

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No e-mail fala-se a respeito de se existir lá um esporte de matança. OK! Mas e nossa festa de peão, com suas torturas a animais, as rinhas de galo, a famosa Farra do boi em SC, ou ainda essa pescaria desportiva sem sentido que existe no Pantanal, isso são o que? E olha que só citei exemplos de coisinhas que acontecem apenas no Brasil, imagina no resto do mundo...

festa_peao2 rinha

farra_do_boi pescaria

Olha meu povo, é pelo menos desde o período da última glaciação que esses povos caçam, matam, comem focas e baleias e utilizam suas peles para vestimentas. E até hoje, as focas estão aí.
Se o número desses animais diminuiu como disse a minha colega da Sibéria, não é prioritariamente por causa da caça não. Mas sim, por causa nossa ambição e busca desenfreada por "conforto" que poluímos o planeta com mais e mais CO2, com isso aumentamos sua temperatura causando o famoso efeito estufa e, conseqüentemente, o desgelo do ártico. Que faz com que esses animais fiquem sem o seu habitat natural. Com isso, muitos cessam a sua reprodução e muitos até entram em extinção por problemas no seu nicho ecológico.

gelo

Que tal a partir de agora a gente começar uma campanha mais ferrenha contra o aquecimento global, que, por tabela, vamos ajudar a manter mais e mais animais do ártico vivos...

 

Pode ser?!!! Até a próxima postagem...

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